Comportamento hidro-erosivo de depósitos sedimentares da Formação Macacu situados na Ilha do Governador-RJ

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20502/rbg.v22i3.1924

Palavras-chave:

Comportamento hidro-erosivo, Sedimentologia, Hidráulica, Erodibilidade.

Resumo

A Ilha do Governador, inserida no contexto do Grábenda Guanabara, é marcada pela presença de exposições de depósitos sedimentares paleogênicos pertencentes à Formação Macacu. Tais exposições, atualmente evidentesem cortes de estrada e antigas jazidas para extração de material terroso, apresentam elevado grau de degradação causada pela erosão hídrica, o que é constatado a partir da presença de sulcos e voçorocas.O presente trabalho teve como objetivo analisar o comportamento hidro-erosivo de depósitos sedimentares da Formação Macacu expostos em uma jazidasituada na áreapatrimonial do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, buscando relacionar sedimentologia, hidráulica e erodibilidade. Após a interpretação geológica das exposições de sedimentos, realizaram-se análises granulométricas e mineralógicas, ensaios de permeabilidade, avaliações dos espaços porais e ensaios de erodibilidade. Reconheceram-se cinco diferentes fácies sedimentares, lamitos arenosos e argilosos das fácies La1e La2, arenitos com estratificação cruzada acanalada das fácies Aca1e Aca2, e arenitos maciços da fácies Am. A organização em ciclos granodecrescentes e a existência de fácies lamosas laminadas a maciças e arenosas, com estratificação cruzada acanalada, linhas de seixos de quartzo e concentrações de concreções lateríticas, foram características bastante similares às encontradas tanto nos depósitos adjacentes, dentro da Ilha do Governador, como em outros depósitos da Formação Macacu. A similaridade composicional, textural, das características permoporosas e da erodibilidade das fácies Aca1, Aca2e Am,e a relativa distinção com as das fácies La1e La2possibilitaram a definição de duas zonas de comportamento hidro-erosivo homogêneo, marcadas pela presença de mecanismos específicos, de maneira análoga ao conceito de hidrofácies. A Zona I, constituída pelos lamitos, representa um aquitardo, mais erodível e menos permeável em relação às fácies arenosas, gerando formas côncavas e incisões verticais profundas, em alguns casos seguindo planos de fraturamento, laminação, ou estruturas de contração. A Zona II, constituída pelos arenitos, representa aquífero pobre com menor erodibilidade em relação à Zona I, esta última resultante da presença do cimento diagênicohematítico/goethítico, formando patamares e totens acima dos lamitos, e controlando a erosão local, cujo caminho se inicia porsulcos estreitos e profundos que, quando atingem os lamitos, avançam até maiores profundidades. As duas zonas delimitadas apresentaram característicaspermoporosas médias muito similares às obtidas para hidrofácies correlacionáveisdescritas na literatura, e em termos de erodibilidade também apresentaram grande concordância com padrões já observados.

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Biografia do Autor

Hugo Portocarrero, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Possui graduação em Geografia pela UERJ (2001); mestrado em Geografia pela UFRJ (2004); doutorado em Engenharia Civil pela PUC-Rio com área de concentração em Geotecnia (2009), pós-doutorado em Engenharia Civil pela PUC-Rio (2011). Atualmente é professor adjunto do Instituto de Geografia da UERJ, atuando como colaborador no Programa de Pós-graduação em Geografia - PPGEO-UERJ (Nota 5 CAPES), como professor do quadro permanente no Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos - ProfÁgua (Nota 4 CAPES), e como coordenador do Laboratório de Geotecnia Ambiental LGA/UERJ.

Tácio Mauro Pereira de Campos, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade de Brasília (1971), mestrado em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1974), mestrado em Mecânica dos Solos - Imperial College, University of London (1979) e doutorado em Mecânica dos Solos - Imperial College, University of London (1984). Atualmente é professor associado do Departamento de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Tem experiência na área Geotécnica, com ênfases em Geotecnia Experimental e Geotecnia Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: solos não saturados; solos residuais; instabilidade de encostas; processos erosivos; disposição de resíduos industriais, de mineração e urbanos; transporte de contaminantes pelo subsolo e águas subterrâneas e recuperação de áreas degradadas por movimentos de massa ou contaminação do subsolo. Líder técnico da empresa Alta Geotecnia Ambiental desde 2010, spin off do Núcleo de Geotecnia Ambiental do DEC/PUC-Rio, agraciada com o Prêmio Nacional ANPROTEC de Empreendedorismo Inovador como a melhor empresa incubada do país em 2013, envolvendo consultorias no desenvolvimento de projetos e avaliações geológico-geotécnicas nas áreas de infraestrutura civil, mineração e energia e meio ambiente.

Aluísio Granato de Andrade, Embrapa Solos - RJ.

Engenheiro Agrônomo (1988), Mestrado (1993) e Doutorado (1997) em Agronomia (Ciência do Solo) pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professor do Dep. de Solos de abril de 1995 a Janeiro de 1996 (UFRRJ). Ampla participação em congressos, cursos e reuniões técnicas e científicas. Pesquisador da Embrapa Solos desde 1996, coordenando projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica nas áreas de uso, manejo, conservação e recuperação do solo. Professor da PUC-Rio em recuperação de áreas degradadas desde 2007. Instrutor em cursos e consultor em projetos de planejamento de uso agropecuário das terras, manejo e conservação do solo e água e recuperação de áreas degradadas. Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento e Chefe Geral Substituto da Embrapa Solos de 2004 a 2008. Diretor Técnico da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro-PESAGRO-RIO de novembro de 2009 a janeiro de 2012. Diretor Técnico da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado do Rio de Janeiro-AEARJ de 2009 a 2012.

Raphael Rodrigues Brizzi, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ.

Possui graduação em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2013), mestrado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro com ênfase em Gestão e Estruturação do Espaço Geográfico (2015). É Professor EBTT do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) do Campus Arraial do Cabo e coordenador do Laboratório de Ciências Ambientais (LabCAM). Atua na Pós-Graduação em Ciências Ambientais em Áreas Costeiras e no curso técnico em Meio Ambiente. Atualmente é doutorando do programa de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas da ESALQ-USP desenvolvendo pesquisas sobre a gênese de Plintossolos Pétricos e evolução de couraças ferruginosas no Tocantins - TO. Possui experiência nas seguintes linhas de pesquisa: Evolução das interações pedogeomorfológicas; Manejo de bacias hidrográficas; físico-química de solo; erosão, degradação e práticas de ensino em geografia física.

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Publicado

27-06-2021

Como Citar

Portocarrero, H., Campos, T. M. P. de, Andrade, A. G. de, & Brizzi, R. R. (2021). Comportamento hidro-erosivo de depósitos sedimentares da Formação Macacu situados na Ilha do Governador-RJ. Revista Brasileira De Geomorfologia, 22(3). https://doi.org/10.20502/rbg.v22i3.1924

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