DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO FÓSFORO DISPONÍVEL DO SOLO EM UMA BACIA HIDROGRÁFICA AGRÍCOLA E SUA RELAÇÃO COM OS FATORES AMBIENTAIS USO DA TERRA E DECLIVIDADE

Resumo

A concentração de nutrientes no solo varia com o sistema de manejo e posição na paisagem, no entanto existe pouca informação acerca dessas interações em áreas heterogêneas como bacias hidrográficas. Neste trabalho foi determinada a distribuição espacial e vertical do fósforo disponível do solo em uma bacia hidrográfica agrícola do Planalto do Rio Grande do Sul no Brasil e os teores obtidos foram relacionados com os fatores ambientais declividade e uso da terra. Amostras de solo foram coletadas em 57 pontos da bacia hidrográfica (80,2 ha), em cinco camadas (0-5, 5-10, 10-20, 20-40 e 40-60 cm). A grade de amostragem foi distribuída em diferentes classes de uso da terra (área úmida, lavoura, campo nativo) e declividade (0-3, 3-8 e 8-20%). A análise dos dados baseou-se em métodos estatísticos e técnicas de análise espacial em ambiente do sistema de informação geográfica (SIG). A distribuição espacial no SIG permitiu a visualização do impacto da drenagem de áreas úmidas no ciclo biogeoquímico do fósforo no solo. Os teores de fósforo disponível na camada 0-5 cm nas classes de declividade 0-3, 3-8 e 8-20% foram de 14,6±2,04; 10,8±1,09 e 8,5±0,81 mg kg^-1, respectivamente, refletindo a influência dos processos de erosão e deposição. Os teores de fósforo disponível nas lavouras – 9,8±0,68; 5,8±0,52; 2,9±0,24; 1,6±0,14; 0,9±0,10 mg kg^-1 – foram maiores nas duas primeiras camadas – 0-5 and 5-10 cm – decaindo nas camadas mais profundas – 10-20, 20-40 and 40-60 cm. No campo nativo os teores de fósforo disponível foram de 5,1±0,94; 3,9±1; 3,4±1,15; 2,4±0,69; 1,4±0,40 mg kg^-1, respectivamente. Isto reflete os baixos teores no material de origem e não aplicação de fertilizantes. As áreas úmidas apresentaram os maiores teores de fósforo disponível na camada 0-5 cm, com média de 14,1±1,72 mg kg^-1. Isto revela o grande potencial desses locais no sequestro de poluentes bem como o manejo inadequado das atividades agrícolas e pecuárias desenvolvidas na bacia hidrográfica.