O PAPEL DAS CAPTURAS FLUVIAIS NA MORFODINÂMICA DAS BORDAS INTERPLANÁLTICAS DO SUDESTE DO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.20502/rbg.v14i4.325Palavras-chave:
escarpas, morfodinâmica cenozóica, geomorfologia regionalResumo
No sudeste do Brasil, principalmente no Estado de Minas Gerais, são observados planaltos escalonados drenados por diferentes bacias hidrográficas, muitas vezes separadas entre si por nítidos degraus morfológicos resultantes da diferença no potencial erosivo de suas cabeceiras de drenagem, como resposta à tectônica distensiva cenozoica. Adicionalmente, capturas fluviais que condicionam a rede de drenagem a buscar um novo perfil de equilíbrio e alteram a morfologia dos canais envolvidos (captor, capturado, decaptado e afluentes diretos) são frequentes. Esse artigo apresenta o papel de três grandes capturas fluviais (Capturas de São Vicente de Paula, de Carandaí e de Vilas-Boas) na morfodinâmica de três bordas interplanálticas entre as quatro mais importantes bacias hidrográficas do sudeste do Brasil: são Francisco, Doce, Paraná e Paraíba do Sul. A análise inicial com base em material cartográfico (cartas topográficas, geológicas e geomorfológicas) e os trabalhos de campo, com descrição dos canais envolvidos mostraram que as três capturas analisadas apresentam características diferentes: 1) em Vilas-Boas a crista da escarpa se encontra na posição original e as alterações na paisagem se limitam aos vales, com incisão de 2,5m, até 1 km à montante do ponto de captura; 2) em Carandaí a crista da escarpa já se encontra recuada a cerca de 1,5 km do ponto de captura, que foi rebaixado em100 m, e as alterações atingem os 3 km de distância desse ponto; e 3) em São Vicente a crista da escarpa já se encontra recuada a cerca de 3,5 km do ponto de captura, que foi rebaixado em 250m (atingindo o planalto inferior) e as alterações atingem 8km de distância desse ponto. Estes resultados demonstram a influência das capturas fluviais na morfodinâmica das bordas interplanálticas do sudeste do Brasil. As capturas aceleram a morfodinâmica do processo de recuo das escarpas, onde as áreas capturadas são dissecadas e rebaixadas até serem integradas à drenagem capturante, contribuindo assim, para o recuo escarpa e, a consequente disputa de áreas entre as bacias hidrográficas.
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