CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO DELTA DO RIO DOCE (ES) COM BASE EM ANÁLISE MULTISSENSOR

Autores

  • Silvia Palotti Polizel Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Divisão de Sensoriamento Remoto
  • Dilce de Fátima Rossetti Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Divisão de Sensoriamento Remoto

DOI:

https://doi.org/10.20502/rbg.v15i2.530

Palavras-chave:

mapeamento geomorfológico, delta do rio Doce, sensoriamento remoto

Resumo

A costa leste brasileira apresenta uma sucessão de sistemas deltaicos, sendo o delta do rio Doce, localizado no Estado do Espírito Santo, um dos mais expressivos. A progradação principal deste delta, de geometria cuspidada típica de deltas de onda, tem sido atribuída à queda do nível do mar que se seguiu à transgressão holocênica média. Análises preliminares de novos produtos de sensoriamento remoto disponibilizados nesses últimos anos mostraram o potencial de aprimoramento do mapa geomorfológico desse delta, que pode contribuir para a melhor reconstituição paleoambiental e evolução desse sistema deposicional. Assim, este trabalho teve por objetivo fornecer um mapa geomorfológico detalhado para a planície costeira do rio Doce com base em dados multissensores integrando Modelo Digital de Elevação (MDE) do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), Phased Array type L-band Synthetic Aperture Radar (PALSAR) do Advanced Land Observing Satellite (ALOS), imagens TM/Landsat, além de imagens óticas de alta resolução extraídas do Google EarthTM. O mapeamento geomorfológico feito por interpretação visual resultou no estabelecimento de seis classes principais, designadas de: 1) drenagem atual; 2) cordão litorâneo/spit; 3) paleocanal; 4) planície interdistributária; 5) flúvio-estuarino/lagunar/marinho raso; e 6) terraço fluvial. De maneira geral, o emprego combinado dos produtos de sensoriamento produziu resultados satisfatórios para a separação dessas classes. O MDE-SRTM contribuiu para a identificação somente da classe paleocanais. As imagens PALSAR foram úteis na identificação das classes cordão litorâneo/spit, paleocanal, flúvio-estuarino/lagunar/marinho raso e terraço fluvial. As imagens TM/Landsat possibilitaram o reconhecimento das classes drenagem atual, cordão litorâneo/spit, planície interdistributária e flúvio-estuarino/lagunar/marinho raso. O mapa geomorfológico contribuiu na caracterização mais adequada dos vários subambientes do delta do rio Doce, consequentemente auxiliando na reconstrução de sua dinâmica sedimentar. Assim, sustenta-se que a evolução desse delta se processou de maneira episódica, com oscilações entre fases progradacionais, que resultaram na formação dos cordões litorâneos/spits, e fases transgressivas, que resultaram nos depósitos flúvio-estuarinos/lagunares/marinho rasos. Além disto, diferentemente de outros deltas de onda formados ao longo da costa brasileira, o delta do rio Doce foi alimentado por canal principal instável, o que gerou uma sucessão de paleocanais em sua planície costeira central. Como consequência dessa dinâmica, houve a formação de um volume significativo de depósitos de planície interdistributária no entorno dos canais, que contribuíram conjuntamente para a destruição dos cordões litorâneos/spits em grande parte do delta. Ilhas desses depósitos em meio a depósitos de planície interdistributária documentam que, no passado, os cordões litorâneos/spits ocorriam em toda a extensão da planície deltaica, tendo sido formados desde as fases iniciais do processo de progradação. Esses dados não são, portanto, condizentes com modelo vigente de delta lagunar nos estágios iniciais de progradação desse sistema deposicional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

18-08-2014

Como Citar

Polizel, S. P., & Rossetti, D. de F. (2014). CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO DELTA DO RIO DOCE (ES) COM BASE EM ANÁLISE MULTISSENSOR. Revista Brasileira De Geomorfologia, 15(2). https://doi.org/10.20502/rbg.v15i2.530

Edição

Seção

Artigos